A Demanda de Deus com as Nações
Os relatos de Gênesis mostram pontos históricos específicos que enfatizam a demanda de Deus com os seres humanos. A expulsão do Éden, o dilúvio e a dispersão em Babel demonstram o caráter ambivalente dessa demanda: Deus derrama seu juízo e chama ao arrependimento.
Nos três episódios mencionados, Deus toma a iniciativa de ver o que acontece com o homem “onde estás?” (Gn. 3.9); com a maldade que o homem espalhara sobre a terra “viu o Senhor que a maldade do homem havia se multiplicado na terra” (Gn. 6.5); e para visitar as maquinações humanas “desceu o Senhor para ver a cidade e a torre” (Gn. 11.5). Em todos esses casos o juízo divino sucedeu a visitação.
Por outro lado, essa demanda de Deus mostra a necessidade do homem arrepender-se. Desta maneira ele estende seu estandarte de paz e chama as nações. Isso é visto particularmente na eleição de Abraão e, por conseguinte, de Israel.
Eleitos por Causa da Missão
O chamado e eleição de Abraão estão permeados pelo significado de sua comissão: “Sê tu uma bênção” e “em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn. 12.2, 3). Sua eleição, portanto, visa imbuí-lo (e assim também Israel) do serviço que o concerto de Deus demanda com as nações.
A eleição nesse sentido só tem razão de ser quando compreendida como comissionamento para o serviço de Deus. Os eleitos são sua embaixada enviada às nações revoltosas. Ao mesmo tempo em que ele é “o desejado das nações”.
Dessa maneira, a eleição é para a missão. Deus jamais visou estabelecer um nacionalismo, gueto ou raça que não fosse eleita para o sacerdócio. Uma nação de sacerdotes para proclamar as virtudes do Altíssimo. Nas palavra de J. Blauw: “O que os sacerdotes são para um povo, Israel como povo será para o mundo”.
O Estandarte da Paz e a Igreja
Essa não é somente a perspectiva da missão no Antigo Testamento, ela continua no Novo: “Cristo fez a paz pelo seu sangue e, vindo, evangelizou paz aos que estavam longe e aos que estavam perto” (ver Ef 2.14-17 e Cl. 1.20).
Assim, o povo eleito de Deus é a comunidade dos santos, dos “chamados para fora”. Quando Israel se esvaziou dessa significação existencial, se tornou o “não-meu-povo”. Da mesma forma a Igreja perde sua função ao ignorar e negligenciar o propósito do seu chamado.
Tudo isso significa que como Igreja você e eu, que fomos chamados e incluídos no povo de Deus, estamos em missão! Aliás, nós somos parte do resultado bem-sucedido da missão de Deus em trazer para si todas as nações. Elas serão chamadas povos de Deus, e Deus estará com eles (Ap 21.3).
Se não nos vemos como povo confinado à embaixada de Deus entre as nações, como Israel estamos errando o alvo de proclamar a soberania e glória do Senhor, e nossa eleição se descaracteriza. Semelhantemente a nação santa deve ser entendida não como qualidade ética, porém como o aspecto da relação de Deus, isto é, um povo separado, consagrado para o uso dele, para o serviço especial dele. Portanto, somos santos em missão.
Deixe um comentário